terça-feira, 30 de setembro de 2008

A Verdadeira Educação

Literalmente, Filosofia significa “amor ao conhecimento”. Como tal, ela pode abranger tudo, e historicamente foi isso mesmo que ocorreu. Cada vertente do conhecimento é derivada da filosofia (menos, talvez, a Religião, que somente com muito esforço pode ser considerada ciência). Atualmente a Filosofia possui diversas subcategorias, das quais posso citar como mais importantes a Lógica, a Ética e a Epistemologia.
A Lógica tem a ver com os mecanismos com os quais obtemos conhecimento a partir de um dado conjunto de fatos. Tenho convicção que a Lógica deveria ser ensinada às crianças o mais cedo possível, preferencialmente durante o ensino elementar. Uma forma simplificada de lógica deveria ser acessível a qualquer pessoa, o truque é aplicá-la na prática, e dar à criança a confiança para usar essa ferramenta.
A Ética está ligada ao entendimento do que é certo ou errado - o que e por que. Também deveria ser ensinada cedo na infância, mas não como uma listazinha de “faça-e-não-faça” a ser decorada, e principalmente, que não se resuma a uma lista do que foi importante há quatro mil anos atrás para alguma tribo nômade.
A Epistemologia trata dos fundamentos do conhecimento - como sabemos o que sabemos. Até mesmo conhecimentos rudimentares desse campo revelará que não podemos estar certos de nada além de nossa existência, mas que ainda assim parece ser útil acreditar que o mundo existe, e acreditar em certas coisas a respeito dele.
Quando as crianças forem capazes de dominar essas ferramentas o mundo será um lugar muito melhor. Se metade dos adultos dominassem esses mecanismos, o mundo seria muito melhor. Com base nessas ferramentas é possível a qualquer pessoa detectar as incontáveis falácias nas argumentações dominantes, que os alienados não têm olhos para ver.
Ah, por falar em ética, como justificar o fato de se manter as crianças deliberadamente desinformadas, especialmente quando sua ignorância pode levá-las a conseqüências devastadoras? Mas é exatamente isso que acontece em nosso mundo, onde a direita-conservadora-religiosa-hipócrita insiste na educação sexual da abstinência, da mentira e da vergonha, enquanto as taxas de gravidez precoce e doenças sexualmente transmissíveis continuam crescendo.
A forma como as crianças são educadas, em que mentiras lhes são impostas como fossem verdades absolutas são preteríveis mesmo à não-educação. Tomemos Jiddu Krishnamurti como exemplo: ele descartou o conhecimento dos livros e começou a observar e a ouvir a própria vida. Mas é claro que isso pode estar bem além da compreensão da maioria. Ainda hoje as crianças tomam decisões informadas. Questiono: de onde vem a resposta às suas perguntas? Elas podem sair em busca de mais informação, através da educação sexual, por exemplo, mas isso não garantirá uma decisão suficientemente informada para dizer “não” ou “sim”. Se a educação sexual proclama abstinência até que atinjam seu décimo oitavo aniversário elas estão melhor informadas? Se elas aprendem, através da literatura disponível, que sexo é vergonhoso elas farão uma decisão informada... Mas essa não é necessariamente a decisão correta, não é verdade? Parece mais saudável então desencorajar as crianças de se submeterem à mentira da educação até que elas entendam a si mesmas, suas necessidades físicas e emocionais.
A nefasta manipulação e imposição de informações que vemos no sistema de ensino provoca um embaçamento da sabedoria: ela desvia seu olhar do que realmente está ali, na vida real. Só se está a repetir o que outros disseram ou pensaram antes.
A humanidade não é muito diferente do que era há uns, vamos ver... dois mil anos atrás. Somente nossos meios progrediram. Enquanto insistirmos em basear nossa visão no que outros disseram ou pensaram antes, nós não veremos qualquer luz.
Para que crianças possam tomar decisões informadas, elas precisam conhecer a verdade. Elas precisam aprender que seus corpos são tudo que elas têm na vida. E isso inclui suas mentes, mas também suas respostas físicas naturais. Foi por ensinarmos às nossas crianças que a mente tem preferência sobre seus corpos que acabamos por desenvolver essa grave situação em que nos encontramos atualmente. Elas deveriam aprender que seus corpos podem experimentar prazer, e que isso é natural.
As meninas, por exemplo, podem sentir prazer desde bem cedo, já que aos dois anos de idade suas glândulas sensuais já estão ativas. O fato é que as meninas realmente experimentam tais sentimentos prazerosos e gostam disso. Somente quando elas começam a “ser informadas” é que elas passam a achar que experimentar tais sentimentos de prazer é errado. E é aí que a terapia regressiva faz sucesso, juntamente com outros mecanismos de persuasão desenvolvidos por nossos amados cientistas. Nosso desenvolvimento científico tem doutrinado tão bem nosso psicológico coletivo que acaba se tornando muito difícil conseguir escapar de tudo isso. Essa doutrina está presente em todas as mídias que conhecemos hoje: TV, jornais, internet, e todo o mais. De quem é a culpa?
Nós, como indivíduos, podemos fazer uma diferença, mesmo que pequena. Faça com que sua meta seja a de esclarecer as pessoas, especialmente as crianças, que experimentar o prazer corporal não é mau, não obstante qualquer mentira. É isso que as crianças precisam aprender, é isso que as pessoas precisam ver: que seus corpos são sua propriedade e que elas precisam ter liberdade de experimentar os prazeres que seus corpos podem lhes proporcionar. Não é fácil imaginar a intensidade da reviravolta que isso, aos poucos, causará em nosso pensamento coletivo, mas deve-se começar de baixo, talvez fazendo uma pequena diferença em algum lugar, de algum modo.

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